quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pré-Campanha, Campanha e candidatos

A pré-campanha e, a campanha para a Eleição Presidencial, a realizar no dia 23, têm sido desmobilizadoras e bastante desprestigiantes para os Candidatos e para os Portugueses.
As "questões" trazidas para o debate público, são em grande maioria, alheias às competências do Presidente da República, previstas nos artigos 133º., 134º. e 135º. da Constituição, embora algumas possam " forçadamente " enquadrar-se no "saco", que é a alínea e) daquele art.º. 134º.: "pronunciar-se sobre todas as emergências graves para a vida da República". É que na realidade vigora em Portugal o sistema semipresidencialista, uma mistura de presidencialismo e parlamentarismo, em que o Chefe de Estado, apenas e só, tem as prerrogativas nos artigos enunciados. Assim, o Governo governa, o Parlamento fiscaliza o Governo e o Presidente da República modera, intervém e influencia em situações extremas, sendo o garante do regular funcionamento das Instituições.
E, o que os Portugueses gostariam de saber, era como e quando o País sairá da grave crise económico/financeira que o afecta, quando haverá a melhoria das empresas com o consequente acabar do desemprego e da pobreza, mas é matéria que não depende da sua função. No entanto, há muitas questões nucleares, que não foram abordadas, ao contrário de outras, que são apenas "questiúnculas" eleitorais.
Para ser Candidato basta ser Português de origem, ter mais de 35 anos e a candidatura proposta, por um mínimo de 7.500 cidadãos eleitores. É esse o "quadro" e, portanto os 6 Candidatos têm legitimidade. Mas, apesar dessa legitimidade, interrogo-me porque se candidataram, Defensor de Moura, Fernando Nobre, Francisco Lopes e José Manuel Coelho, antecipadamente perdedores. Marcarem uma posição? Levarem a decisão para uma 2ª. volta?
Defensor de Moura, socialista, antigo Presidente da Câmara de Viana do Castelo, tem atacado Cavaco Silva de não ter sido leal, isento e, sobretudo, abstencionista. Provavelmente o mais político de todos os políticos candidatos. Pensa ter os votos dos socialistas, que não votam em Manuel Alegre, por ter o expresso apoio dos "Bloquistas".
Fernando Nobre, Presidente da AMI, cidadão íntegro, respeitado, independente, candidata-se em nome de "valores" , desígnios, dizendo que gostaria de fazer um "contracto" com os Portugueses. Afirma que seriam suficientes 100 deputados na A.R. e, que o Sistema Político Português está caduco e perverso. É um idealista, longe, muito longe, de como se faz a Política em Portugal.
Francisco Lopes, apoiado pelo Partido Comunista - apresenta-se bem preparado e, com algum " folclore " político -, mas não passa da sua "correia de transmissão". Visa, fundamentalmente, "fixar" e fazer a contagem do seu eleitorado.
Manuel Alegre, que "não mais parou" desde que perdeu as eleições internas para José Sócrates, apoiado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda, Partido com fortes indícios de quem se encontra refém, vinha a ter uma campanha "cinzenta", "amorfa", com muitas dificuldades, em conciliar o inconciliável, até que aparece o "caso" Sociedade Lusa de Negócios/BPN a "agitar" e a reanimar as suas "hostes". Mas, a campanha não pode esgotar-se na "politiquice" destes "casos". Ambos são pessoas sérias e de grande honorabilidade e a "verdadeira" política, com os "problemas" reais que" inquietam" os Portugueses, têm que entrar na campanha.
Os "debates" (?) entre eles, foram extremamente "cerimoniosos", "amorfos", – com "críticas", sempre ao mesmo, ao ausente Cavaco Silva - e, que quase parecia haver um pacto de não agressão, como que a dizerem: se houver 2ª volta, cá estaremos do mesmo lado.
José Manuel Coelho, o controverso e polémico deputado Madeirense, apresenta-se com dois discursos: um para a Madeira, em que critica João Jardim e outro para o Continente em pretende dar voz a quem a não tem, como os desempregados e os pobres. É um candidato de "fait-divers", que pretende ganhar "visibilidade" para as próximas eleições regionais.
Cavaco Silva, apoiado pelo PSD, é o Candidato mais bem colocado, porque durante cinco anos fez campanha eleitoral através da presidência da república, pode ganhar à 1ª volta. É Político, apesar das suas sucessivas tentativas de se demarcar deste epíteto, revela dificuldades quando os outros candidatos denunciam as suas acções, que põem em causa a "grandeza intelectual" e conhecimento "técnico" que orgulhosamente refere. Finge conhecer a realidade portuguesa, estrangeira, sobretudo a europeia. Tem mantido com o Governo cooperação estratégica pouco séria, atingindo o ponto mais alto, nas celebres escutas à presidência, e os contactos com o Executivo e a Oposição que levaram à aprovação do Orçamento para 2011, foi estratégia política para garantir a sua reeleição.
Os Portugueses deverão certificar-se o que está subjacente a cada discurso. É que por vezes, vai um "abismo" entre o "parecer" e o "ser". Só assim, apreenderão e compreenderão, inteiramente, a realidade. Importa dizê-lo, porque o deturpar, o denegrir, a aleivosia e o próprio radicalismo, são uma constante de "alguns".

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